segunda-feira, 3 de setembro de 2012
domingo, 5 de agosto de 2012
sábado, 7 de julho de 2012
sexta-feira, 22 de junho de 2012
MENINAS DO NEPAL
UM POUCO DA HISTÓRIA SOBRE AS MENINAS DO NEPAL
Chegamos ao Nepal em 2000! Tínhamos duas
coisas na bagagem: uma Palavra de Deus que deveríamos resgatar meninas e
o sonho que isso acontecesse. Anos antes, numa viagem pela Índia, o Dr.
José Rodrigues (MCM) tinha deparado com uma menina nepalesa morta numa
calçada da prostituição; ali Deus começara a falar sobre o resgate de
meninas no Nepal.
Não tínhamos dinheiro, nem sabíamos como
fazer, mas tínhamos a fé e com isso a MCM entrou com todo coração nesse
trabalho, está nisso até hoje e continuará em frente. Outras pessoas
foram levantadas para ajudar, de diferentes denominações, mas todas
unidas no mesmo propósito de ajudar as Meninas do Nepal.
O
tráfico de meninas do Nepal é intenso ainda! Estatísticas falam de
7.000 mil por ano na média, algumas chegam a 12.000 mil crianças
traficadas a cada ano, principalmente para a prostituição na vizinha
Índia.
Muitas organizações estavam trabalhando
nessa mesma meta, mas notamos que a demanda era maior.Além de tudo,
notamos que geralmente, o trabalho era muito institucionalizado, muito
no âmbito legal e estrutural, sem dúvida importantes também em muitos
casos, mas faltava um toque de compaixão! Um toque humano ao trabalho!
Percebemos que mais que um abrigo, as
meninas resgatadas precisavam de amor, carinho, atenção, uma palavra
amiga… Serem ouvidas em suas histórias… Serem ouvidas sobre seus sonhos
frustrados e depois sobre seus sonhos reconstruídos. As dificuldades
foram muitas e enormes, não vale a pena gastar tempo falando delas
detalhadamente, elas ficaram para trás e enriqueceram nosso rol de
experiências. Foram elas logísticas, humanas (pessoas que não entendiam
ou não queriam entender os objetivos), financeiras em alguns momentos,
emocionais, espirituais, perseguições até a nível de governos envolvidos
conosco, dificuldades culturais, etc. etc. etc..
Mas como dissemos… passaram, foram
vencidas pela graça de Deus. Foram citadas somente porque existiram e
algumas existem ainda, mas não merecem mais tempo do que este parágrafo.
A alegria é maior que a dor passada, a
esperança venceu as frustrações, a fé venceu as dúvidas, o amor venceu o
medo.O Senhor fez tudo isso. Ele é bom! As Meninas começaram a chegar
já em 2001: A primeira foi a Rushimila, que veio com nome errado devido a
tradução, na verdade se chamava Rhesma, mas para facilitar, escolheu
ser chamada de Raquel. Chegou pequenininha, com frio, assustada, com
fome, foi crescendo, ganhando confiança em Deus e em nós, hoje é uma
linda jovem, alegre, gosta de dançar, cantar, sonhar, já esteve no
Brasil, tem sonhos maiores…
Depois veio a Promila! Escolheu manter o
nome Promila para ser chamada, mas agregou o Ima nos documentos, porque
queria ser “mãe de nações” como o nome significa no Hebraico, como uma
Sarah de Abraão. Hoje já é uma pastora, ungida, mansa, quebrantada. Veio
Menuca, careca, parecia um menino, mas se tornou Ângela, uma bela
jovem, filha amada, companheira. Após ela chegou a Prisca, agora já
estávamos em 2002.
Chegou a Eliza…
Eliza chegou com as irmãs, chegou marcada
pelo sofrimento, mas a graça de Deus brilhou nela, e que bela menina
estava por trás do rosto sofrido de antes, coração puro, sorriso franco,
solidária. Veio a Márcia, que hoje já trabalha em resgates…Veio a
Meena, que bateu no portão, e a porta das nações se abriu para ela! Já
foi ao Brasil, hoje está no Camboja, iniciando um trabalho de resgate de
meninas.
Chegou a Gleiva, filha querida, que era ofuscada pelas drogas das ruas, mas hoje é uma pessoa feliz, que faz os outros felizes…
Veio a Rupa que aprendeu violão, e
aprendeu a adorar a Deus, vieram as pequenas: Suntali, Grace, Renu,
Rachel, Ribika, Jioty, tantas, tantas, tantas…
Hoje, nepalesasinhas de diferentes
castas, culturas, línguas, mas com seus olhinhos orientais, cabelos
tipos franjinhas, lindas, puras, inocentes, queridas, alegres.
Em julho 2007, morando nas 3 casas são 90 delas ao todo, alguns meninos, filhos, irmãos…
Nossa família cresceu… continua a crescer e crescerá até a Eternidade!
Outras casas estão sendo abertas, sempre com a mentalidade FAMÍLIA e não projeto.
Deus foi fiel em todos os momentos,
continua sendo e sabemos que continuará sendo sempre, pois fidelidade
não é um estado DELE, é parte do caráter DELE. Alicerce de Seu trono!
O Nepal é um lugar místico, de uma
cultura rica e mística, pessoas de castas (como tribos) diferentes,
dezenas de línguas (72 delas e dialetos), variedades de crenças,
culturas, uma verdadeira colcha de retalhos cultural, conflituosa em
muitos casos.País assolado durante 10 anos por uma guerrilha extremista,
que ceifou milhares de vidas. Os povos Newaris e Tamangs formam uma boa
parte da população, histórias de culturas milenares, ricas, lindas,
místicas em muitos momentos.
Não é fácil interpretar a alma nepalesa,
às vezes, um pequeno gesto significa muito, ou um grande gesto significa
pouco… é difícil decifrar a alma da nação, nunca duas pessoas chegarão a
mesma conclusão sobre o Nepal, essa variedade é parte da cultura.
Mas é um povo lindo, que ama a terra, as lavouras cortadas e desenhadas detalhadamente.
As montanhas mais altas do mundo estão
aqui, das 10 maiores do Mundo, oito estão no Nepal, todas acima dos
6.000 m e ainda o Everest, a maior de todas. Deus escolheu o Nepal para
falar de sua majestade, e pôs nele, a coroa da criação física da Terra: o
Himalaia. O Nepal e suas montanhas altíssimas falam da majestade de
Deus.
Hoje temos um sonho, aliás, mais que um
sonho, uma Palavra de Deus: 3.000 Meninas resgatadas, abrigadas,
alimentadas, com honra e dignidade restauradas.
…Indo para escola, tendo uma cama quentinha, um prato de comida quente, sem precisarem vender seu corpo e alma.
Meninas com cidadania, temos trabalhado
em cima desse último ponto também (na lei nepalesa a mulher só tem
direito a cidadania se um homem, pai ou marido lhe repassar, o que
acontece em poucos casos, mas a lei já foi mudada nos últimos meses).
Não queremos ser vistos como um “projeto” ou uma “instituição”, não gostamos desses dois tipos de status, mas somos uma família:
A família Meninas dos Olhos de Deus na
Terra. Meninas que sorriem, que cantam, que fazem música, que amam um
abraço puro, que tomam sorvete, comem chocolate de vez em quando…
Essas coisas alegram que adoçam a alma.
Algumas delas sonharam e já chegaram ao
Brasil, foram ver o azul do mar, foram ver os amigos brasileiros que as
ajudam da parte de Deus.
Parece que tudo o que sonham, acontece.
Deus parece ter uma aliança especial com elas, como Ele prometeu em
Isaías 54:10 a 14, que elas teriam um nome, que seriam uma nação, que
teriam e seriam uma herança eterna.
Meninas que já trabalham e investem no
resgate de suas “irmãs” pelo mundo afora, no Nepal mesmo, no Camboja, no
Brasil e no mundo todo.
Já estamos no Camboja, e do Nepal temos a
promessa de alcançar outras nações vizinhas: Bangladesh, com 20.000 mil
crianças traficadas a cada ano, o Camboja, com milhares delas também e a
Tailândia, com o maior ranking do mundo em prostituição infantil.
Cremos que Deus nos deu essa missão, esse
chamado em direção a combater esse crime contra crianças
(prostituição). Não estamos sozinhos, tem muita gente trabalhando e
trabalhando bem nas nações, mas viemos para somar, vamos fazer a nossa
parte.
Estamos iniciando um trabalho de resgate de 3.000 meninas no Nepal.
Não é uma tarefa fácil, fizemos um
contrato com o governo do Nepal, mas não é o contrato que nos dirige,
somos dirigidos pelo coração do Senhor em direção a essas meninas que
precisam de uma família.
Essas 3.000 alcançarão outras milhares. Deus conta com você! As Meninas contam com você!
Aquelas mesmas que ainda não foram
alcançadas, mas serão! Elas estão clamando, esperando um anjo chegar e
tirá-las da condição que estão e lhes dar uma nova manhã, um novo sonho,
uma nova família, um novo lar, uma nova esperança! Há esperança…
Saiba mais sobre esse projeto: http://www.meninasdonepal.com
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Carta Endereçada Aos Jovens do Brasil
Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento quase sem forças. Pedi à enfermeira Dani, minha amiga, para escrever esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde demais.
Eu era uma jovem “sarada”, criada em uma excelente família de classe média alta de Florianópolis. Meu pai é engenheiro eletrônico de uma grande estatal e procurou sempre dar tudo do bom e do melhor para mim e para meus dois irmãos, inclusive a liberdade que eu nunca soube aproveitar.
Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim, na Agência Kasting, e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava atenção por onde passava. Estudava no melhor colégio de “Floripa”, Coração de Jesus.
Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana, freqüentava shopping, praias, e cinemas; curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor para oferecer a pessoas saradas, física e mentalmente.
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos para a OCTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego.
Em “Blu”, achei tudo legal, fizemos um esquenta no “Bude”, famoso barzinho da cidade. À noite, fomos à “PROEB” e ao “Pavilhão Galegão”, onde tinha um “show maneiro” da Banda Cavalinho Branco.
Aquela movimentação de gente era “trimaneira”. Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da mamãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada.
Na quinta-feira, primeiro dia da OCTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal, curti a noite inteira “doidona” e beijei uns 10 carinhas. Minhas amigas até colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os “meganhas”, porque menor não podia beber; assim, bebemos a noite inteira e os “otários” nem perceberam.
Lá pelas 4 h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase “vomitei as tripas”, mas o meu grito de liberdade já fora dado.
No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal-estar daqueles com TPM. No sábado, conhecemos uma galera de São Paulo, que estavam alugando um “apê” no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5h30 da manhã fomos ao “apê” dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado ”Cigarro de Maconha”, que me ofereceram. No começo resisti, mas chamaram a gente de “Catarina careta”, mexeram com nossos brios e acabamos experimentando.
Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte, antes de ir embora, experimentei novamente. O garoto mais velho da turma, o “Marcos”, fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia. Retornamos à “Floripa”, mas percebi que alguma coisa tinha mudado. Eu sentia a necessidade de buscar novas experiências e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino “DRUES”.
Aos poucos, meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada. Sem perceber, eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano.
Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que, misturando cocaína com sangue, o efeito ficava mais forte; aos poucos não compartilhávamos a seringa e, sim, o sangue que cada um cedia para diluir o pó.
No início, a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a “branca” a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 15,00, e eu precisava, no mínimo, de 5 doses diárias.
Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus “novos amigos”. Às vezes, a gente conseguia o “extasy”, dançávamos nos “Points” a noite inteira e depois farra. O meu comportamento tinha mudado em casa; meus pais perceberam, mas no inicio eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida.
Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas. Aos poucos o dinheiro foi faltando e, para conseguir grana, fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro.
Aos poucos, toda a minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clinicas de Recuperação. Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar reverter o quadro. Quando eu saía da Clinica, agüentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente.
Abandonei tudo: escola, bons amigos e família. Em dezembro de 1997, a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando ou através de relações sexuais, muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha.
Aos poucos, os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando: família, amigos, pais, religião, Deus – até Deus, tudo me parecia ridículo.
Papai e mamãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los. Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu o joguei pelo ralo.
Estou internada, com 24kg, horrível; não quero receber visitas, porque não podem me ver assim.
Não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração, peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca… Você, com certeza, vai se arrepender assim como eu – mas percebo que para mim é tarde demais.
Nota final: Patrícia encontrava-se internada no Hospital Universitário de Florianópolis e relatou sua história à enfermeira, Danelise. Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde, de parada cardíaca respiratória, em conseqüência da AIDS.
Eu era uma jovem “sarada”, criada em uma excelente família de classe média alta de Florianópolis. Meu pai é engenheiro eletrônico de uma grande estatal e procurou sempre dar tudo do bom e do melhor para mim e para meus dois irmãos, inclusive a liberdade que eu nunca soube aproveitar.
Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim, na Agência Kasting, e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava atenção por onde passava. Estudava no melhor colégio de “Floripa”, Coração de Jesus.
Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana, freqüentava shopping, praias, e cinemas; curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor para oferecer a pessoas saradas, física e mentalmente.
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos para a OCTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego.
Em “Blu”, achei tudo legal, fizemos um esquenta no “Bude”, famoso barzinho da cidade. À noite, fomos à “PROEB” e ao “Pavilhão Galegão”, onde tinha um “show maneiro” da Banda Cavalinho Branco.
Aquela movimentação de gente era “trimaneira”. Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da mamãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada.
Na quinta-feira, primeiro dia da OCTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal, curti a noite inteira “doidona” e beijei uns 10 carinhas. Minhas amigas até colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os “meganhas”, porque menor não podia beber; assim, bebemos a noite inteira e os “otários” nem perceberam.
Lá pelas 4 h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase “vomitei as tripas”, mas o meu grito de liberdade já fora dado.
No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal-estar daqueles com TPM. No sábado, conhecemos uma galera de São Paulo, que estavam alugando um “apê” no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5h30 da manhã fomos ao “apê” dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado ”Cigarro de Maconha”, que me ofereceram. No começo resisti, mas chamaram a gente de “Catarina careta”, mexeram com nossos brios e acabamos experimentando.
Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte, antes de ir embora, experimentei novamente. O garoto mais velho da turma, o “Marcos”, fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia. Retornamos à “Floripa”, mas percebi que alguma coisa tinha mudado. Eu sentia a necessidade de buscar novas experiências e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino “DRUES”.
Aos poucos, meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada. Sem perceber, eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano.
Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que, misturando cocaína com sangue, o efeito ficava mais forte; aos poucos não compartilhávamos a seringa e, sim, o sangue que cada um cedia para diluir o pó.
No início, a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a “branca” a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 15,00, e eu precisava, no mínimo, de 5 doses diárias.
Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus “novos amigos”. Às vezes, a gente conseguia o “extasy”, dançávamos nos “Points” a noite inteira e depois farra. O meu comportamento tinha mudado em casa; meus pais perceberam, mas no inicio eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida.
Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas. Aos poucos o dinheiro foi faltando e, para conseguir grana, fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro.
Aos poucos, toda a minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clinicas de Recuperação. Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar reverter o quadro. Quando eu saía da Clinica, agüentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente.
Abandonei tudo: escola, bons amigos e família. Em dezembro de 1997, a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando ou através de relações sexuais, muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha.
Aos poucos, os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando: família, amigos, pais, religião, Deus – até Deus, tudo me parecia ridículo.
Papai e mamãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los. Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu o joguei pelo ralo.
Estou internada, com 24kg, horrível; não quero receber visitas, porque não podem me ver assim.
Não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração, peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca… Você, com certeza, vai se arrepender assim como eu – mas percebo que para mim é tarde demais.
Nota final: Patrícia encontrava-se internada no Hospital Universitário de Florianópolis e relatou sua história à enfermeira, Danelise. Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde, de parada cardíaca respiratória, em conseqüência da AIDS.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
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