domingo, 21 de novembro de 2010

Tendo Um Encontro Com Deus-por Henry Blackaby


O texto a seguir foi editado a partir de uma mensagem ministrada na Conferência de Oração organizada por “Harvest Prayer Ministries”, em outubro de 2006 na Maryland Community Church (Igreja da Comunidade de Maryland) em Terre Haute, Indiana, EUA.

Quando estamos na presença de Deus, mudanças radicais acontecem na nossa vida. As Escrituras mostram que quase todos aqueles que tiveram um encontro com Deus foram imediata e permanentemente transformados. Apesar disso, de algum modo temos dificuldades para entender que é esse mesmo Deus das Escrituras que se encontra conosco hoje. Nosso primeiro e principal objetivo em ir à casa de Deus deveria ser esse tipo de encontro divino. Podemos até afirmar que experimentamos a presença de Deus nas nossas reuniões, mas geralmente não há qualquer transformação interior que o comprove.

O momento do seu encontro com Deus é determinado por ele, não por você. Pode ser através de um texto nas Escrituras. De repente, o Espírito de Deus toma a Palavra e, usando-a como uma espada de dois gumes, penetra alma e espírito, juntas e medula, discernindo pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12). Você fica totalmente exposto diante dele. Você sabe quando está se encontrando com Deus, porque ele comove cada partícula do seu ser. E ele sabe quando chega o momento oportuno, por isso seus encontros com você sempre acontecerão na “plenitude do tempo”, o tempo de Deus para sua vida.

O Encontro de Isaías com Deus

No capítulo seis de Isaías, vemos um dos mais notáveis encontros entre Deus e um homem. Deus sabia exatamente onde estava o problema de Isaías, por isso preparou um encontro perfeitamente adequado à necessidade de mudança radical em sua vida. Isaías se viu diante da santidade de Deus. Falamos hoje sobre estar na presença da santidade de Deus, cantamos a respeito disso – no entanto não o experimentamos, de fato. Se tivéssemos a oportunidade de estar diante da santidade de Deus, garanto que reagiríamos como Isaías: “Ai de mim, estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios” (Is 6.5).

A presença e a santidade de Deus sempre expõem aquela necessidade específica em sua vida que o impede de ter um encontro mais profundo com Deus. A resposta imediata de Deus para Isaías foi tratar com seu problema dos lábios. Algo precisava vir do altar de Deus, e isso transformou sua vida. Brasas vivas do altar tocaram seus lábios, e uma coisa espantosa aconteceu. Quando seus lábios foram purificados, os ouvidos foram abertos. Deus não tocou os ouvidos, somente os lábios. Era isso que o impedia de ouvir. Deus estava falando o tempo todo, mas pela primeira vez Isaías ouviu suas palavras: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Por causa do encontro e da mudança radical, houve uma resposta espontânea de Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (v.8).

Esse tipo de encontro poderia acontecer na sua vida? Você acha que existem pessoas para as quais Deus anseia muito enviá-lo? Você não acha que as multidões de povos não-alcançados ao redor do mundo estão pesando no coração de Deus, a ponto de levá-lo a procurar por alguém que atenda ao seu apelo: “Quem há de ir por nós?”? Além de tudo isso, ainda pesa sobre ele a tarefa de retirar do nosso coração aquilo que nos impede de ouvir e responder à sua voz.

Talvez a plenitude do tempo de Deus para você seja agora. Talvez, durante semanas ou meses, tenha havido uma santa inquietude no seu coração, levando-o a dizer: “Com certeza Deus tem mais para a minha vida do que apenas participar de cultos e atividades religiosas. Com certeza há algo mais”. E Deus está lhe respondendo: “Realmente há mais – e sempre houve –, contudo você deixou que a cultura contemporânea o envolvesse em atividades religiosas, tirando-o do relacionamento íntimo comigo”. Talvez hoje seja o momento especial de Deus para você; talvez este seja o tempo do seu encontro com Deus!

A chave do encontro não estava com Isaías. A chave estava com o Deus de Isaías, exatamente como a chave não estava com Abraão e, sim, com o Deus de Abraão. O Deus que se encontrou com eles é o mesmo que está aqui para nos encontrar. Você está pronto? Está buscando uma mudança em sua vida como a que aconteceu a diversas pessoas nas Escrituras, trazendo-lhes a revelação do coração de Deus?

Como Devemos Orar?

Li, há algum tempo, sobre um jovem pastor chinês que foi sentenciado a três anos de prisão e uma multa enorme por ter publicado um dos livros que escrevi: “Experiências com Deus”. É evidente que pesou sobre mim o fato de a perseguição ter vindo sobre ele e outros irmãos por terem distribuído um dos meus livros.

Pensei: “Como devo orar por esses irmãos na China? Que tipo de oração tenho feito até hoje?” O Senhor me mostrou, com certa severidade, que precisava haver uma mudança qualitativa na minha maneira de orar. Nossa maior necessidade não é de maior quantidade de orações, e, sim, de um relacionamento com Deus qualitativamente diferente. Você está pronto para Deus conduzi-lo a um novo tipo de relacionamento com ele na oração? Você gostaria de ser o tipo de pessoa que Deus chamaria para orar por causa do relacionamento de qualidade que tem com ele? Você sabia que a oração de uma pessoa assim pode trazer mudanças tremendas no país e no mundo todo? Considere seu andar pessoal com Deus e sua vida de oração; que mudanças precisam ser efetuadas a fim de que Deus possa operar profundamente através de você?

A Vida de Oração de Moisés

Veja comigo as orações feitas por Moisés, para entender o que está em jogo. O Deus que chamou Moisés para ficar na sua presença e ouvir o que estava no coração dele literalmente quebrou o coração de Moisés e o tocou de tal forma que ele ficou em oração diante do Senhor por quarenta dias e quarenta noites. O que ouvira de Deus foi tão significativo que não conseguiu comer nem beber nada durante quarenta dias, de tão angustiada que estava a sua alma. Moisés ficou entre o povo pecador e Deus, pleiteando por eles, chegando a pedir que Deus riscasse seu nome do livro da vida e os poupasse. De acordo com as Escrituras, as orações de Moisés mudaram o coração de Deus.

Quando foi a última vez em que, durante a oração, Deus veio e expôs o coração dele ao seu, causando-lhe profundo quebrantamento? Em Romanos 8.26, Paulo diz que uma de nossas fraquezas é que não sabemos como ou em favor do que devemos orar. Que provisão de Deus foi dada para nossa incapacidade na oração? Paulo diz que Deus concedeu o Espírito Santo para guiar-nos na oração, pois ele conhece a mente e o coração de Deus e sabe exatamente onde e como Deus está agindo.

Quando foi a última vez em que você caiu de joelhos e gritou: “Senhor, eu não sei orar como convém! Como devo pedir pelo meu Presidente? Como devo orar pelas próximas eleições? Nosso país está sendo destruído. Como, então, devo orar?” Se Deus revelasse ao seu coração como orar, você oraria com paixão e perseverança até que tivesse a certeza de uma resposta de Deus?

A nossa nação será transformada na mesma proporção em que tivermos disposição de orar dessa forma. Por outro lado, ela será transformada no sentido oposto se deixarmos de orar. Sua vida de oração e a minha, junto com a vida de oração coletiva das nossas igrejas, podem determinar o curso da história e, com certeza, fazer uma diferença decisiva na batalha contra as forças destrutivas que tanto enfraquecem a nossa nação.

A sociedade ocidental está sofrendo desmoronamento inacreditável na vida familiar, na ética nos altos escalões do poder e em outras maneiras antes inimagináveis, que agora se tornaram lugar comum. Onde está o povo de Deus que ora? A intenção de Deus é que a nação seja o resultado das orações do seu povo. Atualmente, como tenho observado em centenas de reuniões, a nação tem sido o resultado de orações casuais e descuidadas, feitas por pessoas que não acreditam mais que Deus possa impactar poderosamente seu país quando oram.

Moisés conhecia Deus o suficiente para saber que valeria a pena persistir em oração. Já havia aprendido o que pesava na mente e no coração de Deus. Veja o que ele disse em Deuteronômio 9.8: “Tanto provocastes o Senhor à ira...” O povo de Deus, aqueles que foram chamados para estar com Deus, para ter um relacionamento íntimo com ele, para conhecer a todo momento o que está no seu coração e na sua mente, esse povo tinha uma terrível tendência de se afastar dele. Perderam sua intimidade com Deus e o provocaram à ira. É isso que acontece quando um povo não mantém seu relacionamento íntimo com Deus, porque ele sabe das questões eternas que estão em jogo. Por isso Moisés disse: “...tanto provocastes à ira o Senhor, que a ira dele se acendeu contra vós para vos destruir”.

Mas não olhe agora para os israelitas. Olhe para o Deus dos israelitas. Se você é um líder espiritual de qualquer espécie – e se você é pai ou mãe, você já é líder –, lembre-se que o povo de Deus pode provocá-lo à ira a ponto de ele querer destruí-lo. Dentre todas as épocas da história, se houve alguma em que havia potencial para as nações serem destruídas por Deus, essa época seria agora! Só a poderosa mão de Deus pode evitá-lo.

Muitas pessoas me perguntam a respeito do fim dos tempos. Eu não sou um estudioso desses assuntos, mas sou um estudioso das Escrituras e sei que em Mateus 24 Jesus nos deu um sinal para indicar quando o fim dos tempos está se aproximando. Ele disse que haverá uma tribulação tal que se Deus não intervier ninguém sobreviverá. Depois ele acrescenta que por causa dos escolhidos, por amor ao seu povo, ele não permitirá que sejam destruídos.

Estamos vivendo numa época incomum, em que há justamente esse potencial de que Jesus falou. Há incontáveis terroristas dispostos a sacrificar suas vidas para tirar as vidas de outros. Os países têm o potencial de armas nucleares, armas biológicas e armas químicas, e, de tempos em tempos, ouvimos falar de uma nova substância tão letal que, se um dia fosse liberada, não haveria antídoto algum para neutralizá-la, o que desencadearia uma mortandade sem fim.

Deus disse a Moisés que estava tão zangado com o povo por causa do seu pecado que os destruiria a todos e começaria tudo de novo com Moisés. Se você estivesse no monte, e Deus lhe dissesse isso, o que você faria? É claro que dependeria do histórico da sua vida de oração. Até que ponto você conhece a Deus e até onde você conhece o convite de Deus para assumir uma posição entre ele e as pessoas, a fim de preservá-las?

Em Deuteronômio 9 e 10, Moisés descreve para o povo como entrou na presença de Deus e suplicou diante dele durante quarenta dias e quarenta noites – e isso por duas vezes. O Deus que disse que destruiria a todo o povo – diante da oração persistente, apaixonada e intensa de Moisés –, desviou-se daquele propósito e não o destruiu.

O Que Está Pesando no Coração de Deus?

Quando foi a última vez em que você sentiu que era importante descobrir o que estava no coração de Deus? O que está no coração de Deus em relação aos filhos que ele lhe deu? O que está no coração de Deus para a igreja à qual você pertence? Será que Deus decretaria o fim de uma igreja por causa dos seus pecados? Deus deixaria uma igreja morrer?

Jesus advertiu a igreja em Apocalipse 2: “Abandonaste o teu primeiro amor”. Ele estava dizendo às pessoas que elas não mais o amavam suficientemente para se reunir e orar. Os diáconos e anciãos não oravam mais, o pastor não orava com sua equipe, os líderes não se reuniam para buscar a Deus em oração intensa e conjunta. Por isso Deus lhes advertiu que se não se lembrassem da altura de onde caíram, se não se lembrassem de como se portavam anteriormente, se não se arrependessem e voltassem, o seu candeeiro seria removido. Deixariam de existir como igreja. Ele não permitiria que se chamassem filhos de Deus ou igreja de Deus sem ter uma vida de oração.

Recentemente, voltei ao texto de João 3.16 e recebi uma fortíssima percepção do coração de Deus de que é impossível entender esse versículo sem compreender o que Deus sente a respeito de uma palavra ali, a palavra “pereça”. O que Deus sabe sobre a pessoa que está partindo definitivamente para a eternidade sem ter seu relacionamento com ele restaurado através de Jesus Cristo? O que Deus sente sobre a pessoa que perece?

Há muitas ilustrações sobre isso nas Escrituras. Qualquer uma delas deveria nos impelir à oração. Uma descreve alguém indo para as trevas exteriores para todo o sempre, sem possibilidade de sair de lá. Outra fala de fogo e enxofre eternos. Ainda outra mostra um grande abismo entre o céu e o inferno, de modo que é impossível alguém passar de um para o outro.

Agora volte e leia João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna.” Você acha que o coração de Deus está preocupado com aquele que pode perecer? “Não querendo [o Senhor] que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3.9). Como isso deveria motivar sua vida de oração? Como uma igreja, conhecendo o que Deus sente a respeito das pessoas que perecem, deveria mobilizar-se a fim de evitar que as pessoas pereçam?

Que Tipo de Pessoa Deus Vai Levantar?

Em 1 Samuel 2.35, Deus expressou seu anseio desta forma: “Suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante do meu Ungido para sempre”. Deus está dizendo que vai levantar para si alguém que lhe será fiel, que procurará saber o que está em sua mente e coração e que, assim que souber, imediatamente o colocará em prática.

Deixe-me lhe perguntar: diante dessa definição de Deus, você é uma dessas pessoas que ele está levantando? Se não, por que não? Como podemos saber se Deus nos está levantando? O que significa ser levantado para ele, e como podemos saber quando Deus está colocando o seu coração sobre o nosso? Você tem notado que Deus está começando a empurrá-lo para um nível de oração nunca antes experimentado, e que nesse novo relacionamento ele deseja imprimir no seu coração o sentimento real do que está na mente e no coração dele nesses dias?

Estou convencido de que ninguém pode ter esse tipo de relacionamento com Deus e não orar por mudança. Moisés o fez. Quando soube o que estava no coração de Deus, ele entrou imediatamente em intensa intercessão.

Billy Graham disse: “O maior recurso ainda não explorado no mundo hoje é a oração”. Quero reafirmar: o que quer que tenhamos feito ou deixado de fazer é responsável por a nossa nação estar onde está. É necessário que haja oração para mudar o quadro como está hoje. De algum modo, Deus terá de encontrar alguém em algum lugar que acredite plenamente naquilo que ele fala em sua Palavra.

É isso o que Deus está procurando e é disso que a nossa nação precisa desesperadamente. No meio do povo de Deus estão as únicas pessoas que podem desempenhar esse papel. Os políticos não vão desempenhá-lo. O povo de Deus tem a oportunidade divina de perceber quando Deus está se movendo nos seus corações, levando-os a um relacionamento profundo com ele que nunca antes tiveram. Deus quer que conheçamos o que está no coração e na mente dele e que passemos a agir em cima disso.

Você está pronto para isso acontecer em sua vida? Você já ouviu o que Deus disse em sua Palavra, está ciente do que ele está procurando e do que ele quer iniciar? Tem sentido que algumas dessas coisas já estão sendo inseridas no seu coração? Está disposto a vir à presença de Deus e dizer: “Quero que tu saibas que a minha vida está inteiramente disponível a ti”? Você pode ter certeza de que Deus colocará o coração dele sobre o seu e, quando isso acontecer, ele o capacitará a agir em obediência.

Permita que Deus o use para expressar sua poderosa presença no meio da nação através de sua vida. Tenho visto Deus fazer isso comigo. Estou percebendo como ele tem conduzido minha vida em direções que eu nunca teria escolhido por mim mesmo. Estou observando como ele tem colocado sobre meu coração o seu pesar e sentimento sobre os confins da Terra de uma maneira que nunca antes havia visto. Estou compartilhando isso com meus filhos e observando o momento em que Deus também coloca o mesmo pesar no coração deles.

É assim que você tem orientado os seus filhos? O seu desejo é que sejam simplesmente bons cristãos que vão à igreja e tenham um bom emprego – isso o deixaria feliz? Onde está o coração para que a vontade de Deus se manifeste em suas vidas?

Você se lembra da aliança que Deus fez com Abraão? A partir de então, sempre se dizia: “Abraão, Isaque e Jacó”. Quantas gerações Deus quer impactar através de tocar em uma? Nesse caso, pelo menos três foram transformadas.

Você tem conduzido seu relacionamento com Deus de tal forma que seus filhos são atraídos e não querem fazer outra coisa senão servir o Senhor de todo o coração? O que está acontecendo na geração que vem depois da sua, naqueles que o estão seguindo? É importante observar, ficar atento para ver o que virá depois de mim. Há alguma intensidade naqueles que me seguem por terem observado minha vida? Se não, por que não? E por que não fazer uma diferença agora no meu modo de viver para que a próxima geração tenha uma intensidade muito além da minha?

Oração Apaixonada, Persistente, Prolongada

A oração não é uma oportunidade para dizer a Deus o que você quer que ele faça. Oração é estar na presença de Deus, no lugar onde ele graciosamente lhe revela o que está no coração e na mente dele. E esse encontro afeta você tão radicalmente que tudo muda – a maneira de viver, a maneira de falar, o modo de planejar, o modo de investir o tempo.

Sua nação vive um momento de crise? Está precisando de uma mudança radical? Precisa de um poderoso toque de Deus através de alguém que o conheça e saiba o que está em seu coração, que tenha uma paixão para orar até que Deus responda? Pequenas orações não alcançarão esse alvo. Somente o alcançará oração apaixonada, persistente, prolongada.

Em Lucas 18, Jesus disse que devemos orar sempre e nunca desistir. Para ilustrar, ele conta a história da mulher que procurou o juiz e persistiu até que este atendesse à sua queixa, afirmando com isso que o Pai celestial certamente ouvirá aqueles que a ele clamam dia e noite. A seguir, lemos uma das mais patéticas conclusões de toda a Bíblia: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará porventura fé na terra?” (Lc 18.8).

Se Deus expusesse nossos corações, será que encontraria pessoas que o conhecem, que crêem nele e que estão comprometidas a dedicar-se com paixão e intensidade na sua presença? Com certeza, numa hora como esta, diante da condição da nossa nação, com eleições se aproximando e terroristas ameaçando a estabilidade de vários países, não há dúvida de que Deus tenha algo no coração e na mente para revelar a alguns dos seus filhos a fim de que estes venham a orar segundo a mente e o coração de Deus.

Quero lhe perguntar: na sua vida de oração pessoal, como família, como casal ou como igreja, você pode dizer com toda a honestidade que sabe o que está no coração e na mente de Deus com relação ao futuro iminente? O que você sabe tem desencadeado alguma enorme carga de oração, um desejo de se envolver com o que Deus está para fazer, seja o que for? Ou você teria de admitir: “Eu sou um filho de Deus, mas preciso reconhecer que não estou verdadeiramente envolvido com oração”.

Por toda a Bíblia, sempre que Deus estava para fazer alguma coisa, ele procurou alguém que se colocasse diante dele em oração de tal modo que pudesse revelar-lhe o coração e os pensamentos. Nesta hora crítica em que estamos, você seria um daqueles? Talvez você não entenda o que isso pode envolver, só sabe que o Espírito de Deus está lhe dizendo: “Não deixe este momento passar”. Deus está procurando sua vida, está seguindo você e quer instruí-lo a orar de tal modo que sua vida seja usada por Deus para fazer uma diferença e mudar o curso da história.

O apóstolo Paulo o expressou assim em 2 Coríntios 5.9-11:

É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe ser agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens...

Qual é a motivação (ou falta de motivação) que você tem para ser uma pessoa de oração através de quem Deus possa mudar o curso da história ou o curso de sua família, igreja, cidade, estado ou nação? Estou convencido de que Deus teria o suficiente para reverter o rumo da nação, se tão-somente nos uníssemos a ele. Seria você um daqueles? Eu não posso tomar essa decisão por você.

Deus está esperando para ver o que você vai fazer agora. Uma vez que conhece a verdade, o que você faz a seguir define o que acredita a respeito de Deus. As questões que estão em jogo são muito sérias. A eternidade é o que está em jogo, e você pode influir no resultado. Nunca, em toda minha vida, senti que Deus estava tratando comigo de forma tão radical e completa como agora; choro diante do Senhor, temendo não alcançar o nível que ele está procurando. Estou me rendendo vez após vez a ele.

Henry Blackaby é autor e conferencista, com um ministério dedicado a levar os cristãos a verdadeiras experiências com Deus e a promover avivamento e despertamento na Igreja. Sua obra mais conhecida é “Experiências com Deus”. Mais informações sobre suas obras e ministério no site: www.blackaby.org.

por Henry Blackaby

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A PREGAÇÃO É CRISTO CHEGANDO A NÓS - Donald K. McKim

No qüingentésimo ano do aniversário de Martinho Lutero (Lutero nasceu em 10.11.1483), a vida e pensamentos do Reformador estão sendo estudados com mais intensidade do que de costume. A teologia de Lutero está sendo testada, suas preleções examinadas, sua correspondência pesquisada, sua personalidade investigada.

Mas o que dizer sobre o pregador Lutero? Lutero foi um pregador de primeira classe. As estimativas são que ele pregou no mínimo 4.000 sermões, e aproximadamente 2.300 desses sermões foram preservados. Comparada com as pregações de seus precedentes medievais, Bernardo de Clairvaux, Antônio, e mesmo o grande Savonarola, a pregação de Lutero distingue-se em conteúdo e estilo. E.C. Dargan na “História da Pregação” considerou a pregação de Lutero como “a melhor e principal obra de sua vida ocupada e diversificada”. Lutero permanece na “primeira fileira” como “um dos maiores pregadores de todos os tempos”.

O que os pregadores de hoje podem aprender com Lutero? A Europa do século XVI durante os turbulentos dias da Reforma dista muitos séculos do nosso mundo contemporâneo. Nossa situação e contexto são drasticamente diferentes. Porém, existem lições vitais que Lutero pode oferecer à pregação. Ele é um modelo que ainda pode instruir os pregadores da Palavra que têm a mesma paixão que Lutero possuía pela proclamação do evangelho.

DEUS FALA ATRAVÉS DO PREGADOR

Para Lutero a pregação era um meio da graça. Realmente ele via Deus falando através da pregação da Palavra. Ele disse: “Sim, eu ouço o sermão; mas quem está falando? O ministro? Absolutamente não. Você não ouve o ministro. Na verdade, a voz é dele, mas meu Deus está falando a palavra que ele prega”. Para Lutero isto significava que o poder da Palavra e a graça de Deus vem através da pregação, apesar das limitações humanas do pregador. Lutero declarou em um dos seus sermões: “Mesmo que fosse uma jumenta falando, como no caso de Balaão (Nm 22:28), ainda assim seria a Palavra de Deus”.

Lutero viu a pregação como um meio da graça que Deus usa para dar o Espírito Santo àqueles que ouvem o evangelho. Ele disse que a pregação do evangelho e “um meio, como se fosse um tubo, pelo qual o Espírito Santo flui e entra nos nossos corações”. A Palavra proclamada é o “veículo do Espírito Santo”.

Apesar de Lutero às vezes ter ficado deprimido a respeito do ofício de pregador, sua teologia da pregação como um meio da graça o impeliu a pregar vigorosamente por toda sua carreira. Ao finalizar seus sermões Lutero acreditava que o pregador, embora ciente de falhas pessoais, podia ainda assim dizer: “Aqui Deus fala, o próprio Deus tem falado isto. Fui um apóstolo de Jesus Cristo neste sermão”. Em outras palavras, no sermão a pessoa encontra o próprio Deus.

Os pregadores contemporâneos bem podiam redescobrir esta confiança no propósito de Deus com a pregação. Para isso, não é preciso estimular a idolatria, o orgulho pernicioso ou o “culto da personalidade” que glorifica a pessoa do pregador às custas das maravilhas da mensagem. A confiança do pregador muitas vezes é renovada se ele prega crendo que Deus pode e vai usar suas palavras gaguejantes para expressar sua própria pessoa. Esta convicção pode levar-nos a ver o sermão como um evento, um “acontecimento” entre Deus e as pessoas onde algo de tremenda importância pode ocorrer. Vidas podem ser transformadas, perspectivas podem ser alteradas, novas visões do chamado e obra de Deus podem ser reveladas, e pessoas podem ser curadas pela graça de Deus. A pregação vista nesta perspectiva nos incentivará como pregadores. Encorajar-nos-á a fazer o melhor possível em nossa preparação e proclamação. Levar-nos-á a cumprir nossas tarefas com esperança renovada. Compreender a pregação como Lutero compreendeu, como um meio da graça de Deus, pode, se o permitirmos, revolucionar nossos ministérios.

O CONTEÚDO É A VERDADEIRA DOUTRINA

Para Lutero o conteúdo da pregação é muito evidente. São as boas novas do evangelho conhecidas em Jesus Cristo e expressadas na teologia cristã. A doutrina cristã compreendida pela igreja deve ser ousadamente proclamada. Como Lutero escreveu: “A verdadeira doutrina deve ser pregada publica e constantemente; nunca deve ser negligenciada ou escondida pois ela é a “vara da retidão”.

O tema da proclamação cristã é o foco tanto para o pregador como para a congregação. A atenção de ambos é dirigida àquele que é a fonte da própria pregação. Pois “os verdadeiros pregadores devem cuidadosa e fielmente ensinar apenas a Palavra de Deus e tão-somente visar sua honra e louvor. Da mesma forma os ouvintes devem dizer: ‘Não cremos em nosso pastor; mas ele nos fala de outro Mestre chamado Cristo. Nosso pastor nos leva a ele; o que seus lábios falarem atenderemos. E atenderemos nosso pastor à medida que nos dirige a esse verdadeiro Senhor e Mestre, o Filho de Deus’“. Desta maneira a igreja é nutrida pela fonte de sua vida, Jesus Cristo, através do seu evangelho na medida que a igreja o compreende e proclama.

A seriedade com que Lutero encarou a tarefa de pregar é reforçada quando seus sermões são lidos como se fossem pregados num campo de batalha. Lutero via o sermão como parte de uma guerra cósmica pelas vidas das pessoas. O sermão era uma espécie de “acontecimento apocalíptico” que coloca a vida da pessoa em movimento - ou na direção do céu ou do inferno. Ninguém pode ouvir sem depois tomar uma posição. “Ninguém pode ouvir em fria apatia” disse o Reformador.

A própria forma dos sermões de Lutero indica este fato. “Quando elaboro um sermão, elaboro uma antítese”, disse Lutero. Dois partidos se opõem. Deus e Satanás lutam enquanto a vitória de Cristo está sendo proclamada. Lutero enfatizou a antítese entre, o Deus que os homens buscam conhecer através da razão e especulação humanas e o Deus que se revela a si mesmo na sua Palavra, especificamente no Filho de Deus, o homem Jesus. Filosofia ou razão humana por si so nunca nos dão o verdadeiro conhecimento de Deus. Lutero energicamente denunciou as especulações escolásticas do seu tempo e referiu-se à razão separada de Deus como “a meretriz do diabo”.

Mas ao pregar Lutero enfatizou que o conteúdo da pregação não deveria ser “sutilezas filosóficas... mas a promessa que gera confiança”. Deus revelou-se a si mesmo nas promessas do evangelho revelado em Jesus Cristo. Nele “aprendemos a fixar nossos olhos na face de Deus”. Todas as outras tentativas para alcançar um conhecimento de Deus são antiteticamente contrárias à Palavra de Deus. Aquele que busca a Deus fora de Jesus acha o diabo. Esta falsa teologia leva somente para condenação.

Portanto, a verdadeira pregação deve ser fundamentada nas Escrituras e focalizada em Deus que revela sua verdadeira natureza em seu Filho Jesus. As pessoas são chamadas para ter fé nele. Esta é a decisão crucial de suas vidas. Significa vida ou morte. Finalmente, somente esta pregação bíblica produzirá resultados. A palavra falada do evangelho “não é ineficaz; ela produz fruto”. Lutero disse que “a Palavra do Senhor não volta vazia, mas produz fruto, assim como a chuva rega a terra e a fecunda” (Is 55:10-11).

Os frutos do evangelho surgem da pregação que tem profundas raízes no solo de Jesus Cristo e seu evangelho.

A igreja precisa da pregação bíblica constantemente. No meio de muitos contendores por simpatia e lealdade de milhões, o evangelho de Cristo exige um compromisso definido no interior de cada um. Em oposição a todas as ideologias que colocam confiança apenas nos recursos humanos permanece a afirmação bíblica do cristão: Deus se revelou a si mesmo através de seu Filho Jesus Cristo. Proclamar isto e toda doutrina cristã com integridade é o desafio contínuo para o pregador de hoje. A pergunta para Ezequiel foi: “Poderão reviver esses ossos?” (Ez 37:3). A pergunta para nós é: “Poderá reviver essa doutrina”? Será que podemos traduzir a herança bíblica herdada da nossa tradição cristã para uma proclamação que responde as perguntas de nossa cultura contemporânea? Será que nossa pregação pode tratar poderosamente os problemas atuais intelectuais, sociais e éticos com perspectivas que são baseadas no evangelho de Cristo? O próprio testemunho de Lutero ao pregar coloca esta decisão diante de nós. Ele nos desafia a ser biblicamente responsáveis no serviço de pregar.

A PREGAÇÃO DEVE SER VÍVIDA E CONCRETA

Lutero é famoso por escrever e falar vividamente. Este era o seu estilo, que se manifestava naturalmente em seus sermões e pregações. Porém, Lutero era também convicto da importância de conscientemente tornar a pregação vívida e concreta. Ao comentar o uso que Paulo fazia de linguagem figurada em Gálatas, Lutero disse:

“As pessoas são cativadas mais facilmente por comparação e exemplos do que por discussões difíceis e sutis. Preferem ver um quadro bem pintado do que um livro bem escrito”. Os sermões de Lutero são cheios de exemplos de sua linguagem pitoresca ao pregar. Já que todo mundo não morre completamente esticado, Lutero referiu-se à morte como “um velho esticar de pernas”. Ele chamou aqueles que buscam prosperidade “senhores de sua barriga”. Se a salvação pode ser obtida somente através de trabalho duro, Lutero observou que logo então cavalos e burros certamente estariam no céu! O fato de ir à igreja não garante o céu; cachorros passeiam pela igreja e saem do mesmo jeito que entraram como cachorros!

Para Lutero os melhores sermões são simples. Um pregador deve pensar em sua audiência quando utiliza métodos e imagens de comunicação. “Um pregador dedicado deve considerar os jovens, os trabalhadores e empregadas na igreja, e aqueles que não têm cultura.” Como era de se esperar, Lutero adaptou sua linguagem à capacidade de sua audiência.

Nesta área Lutero seguiu o princípio do ajustamento, um princípio que os oradores antigos enfatizaram e grandes pregadores cristãos como João Crisóstomo, Agostinho, e Calvino praticaram. Um pregador acompanha o nível de sua audiência, ajustando sua linguagem ao nível do entendimento dos ouvintes. Lutero disse que o pregador “deve ajustar-se a seus ouvintes assim como uma mãe que está amamentando faz com seu bebê. Ela conversa com a criança e a amamenta em seu peito, pois ela não precisa de vinho ou malvasia. É desta forma que os pregadores devem agir; devem ser simples em seus sermões”. Ele acrescentou: “Quando estamos no púlpito, devemos amamentar o povo e dar-lhes leite para beber... Os assuntos e especulações elevados devem ser reservados para os sabichões. Não vou levar em conta os doutores Pomeranus, Jonas, e Philipp enquanto prego, pois o que falo eles sabem melhor que eu. Não prego para eles, mas para os meus pequenos Hans e Elizabeth; estes eu levo em conta.” Para Lutero o sermão deveria ser infantil.

O desafio de Lutero ainda permanece conosco. O pregador é constantemente chamado para usar sua imaginação a fim de retratar vividamente as verdades da fé cristã. O próprio Jesus era perito em comunicação vívida. Seus dizeres e parábolas apresentavam eficazmente o reino de Deus e outros temas numa linguagem que cativava a imaginação dos seus ouvintes e provocava neles uma resposta. Como estudos contemporâneos de parábolas têm mostrado, as parábolas de Jesus eram “acontecimentos de linguagem”, abrindo e atraindo sua audiência à participação e envolvimento. Captar a intenção de Jesus em suas parábolas de comunicar vívida e criativamente - vitalizaria muitos sermões contemporâneos! Ajustar nossa linguagem e imagens às necessidades e natureza de nossas congregações deve ser algo básico. É um objetivo que devemos ter sempre diante de nós. Comunicar sensivelmente através de aprender como a linguagem funciona e depois deixá-la trabalhar para nós na pregação é uma responsabilidade importante. Como foi com Jesus e Lutero, a simplicidade ainda é a chave para nós.

Porém, fazer coisas simples é muitas vezes uma tarefa complexa. Trabalho e estudo árduos ainda são essenciais. Lutero desafia todo pregador a se esforçar.

A PREGAÇÃO É CRISTO CHEGANDO A NÓS

Para Lutero a pregação era a “palavra falada” de Deus. Pela pregação Jesus apresenta salvação à raça humana. Pois “a pregação do evangelho nada mais é do que Cristo chegando a nós, ou nós sendo levados a ele”, disse o Reformador. Cristo vem pelo Espírito Santo. O Espírito Santo não opera independentemente da Palavra, antes a confirma.

Lutero enfatizou o fato de que Cristo é o verdadeiro objeto de nossa proclamação. Freqüentemente ele dizia que “nada além de Cristo deve ser pregado”. O ponto central de sua controvérsia com teólogos católicos romanos e teólogos reformadores tais como Zwínglio e Calvino sobre os sacramentos foi quanto à presença real de Cristo na ceia. Mas para Lutero a real presença de Cristo também estava na proclamação dele. No evento da pregação o Deus triuno - Pai, Filho, e Espírito Santo - está realmente presente e ativo. A “plenitude da Divindade atrairá e segurará você” quando você “guardar a palavra em seu coração”, Lutero disse em um sermão sobre João 6:47.

Sendo Jesus Cristo o centro da proclamação cristã, Lutero concluiu que ambos, pregador e sermão, devem ser modelados segundo Cristo. Na encarnação o Filho de Deus se humilhou a si mesmo. Lutero disse que da mesma forma o pregador deve ser humilde e encarar a si mesmo junto com a congregação como um pecador por quem Cristo morreu. O sermão também deve ter o formato de Cristo, pois deve mostrar que “a realidade do Deus a quem devemos nos curvar em fe é realmente muito simples”. Muitos notaram que os próprios sermões de Lutero se tornaram mais e mais simples à medida que ele se aproximava do fim de sua vida.

O impulso evangélico das pregações de Lutero é visto em sua ênfase sobre Cristo e sua obra na cruz, como também na sua insistência de que o evangelho exige uma decisão pessoal. Pela pregação a pessoa é confrontada com Jesus Cristo vivo que nos chama para crer nele. Ninguém além da própria pessoa pode crer. Não há alternativa para o compromisso pessoal. Como Lutero disse: “É impossível alguém crer no lugar de outrem como se sua fé fosse um substituto para a fé pessoal do outro”. Pois “um cristão é uma pessoa com decisão própria; ele crê por si mesmo e não como representante de mais alguém”.

Por isso a pregação, tanto para o pregador como para o ouvinte, tem uma importância tão tremenda. Deus fala pela pregação. Jesus Cristo é propagado. O Espírito Santo age. As promessas de Deus são ouvidas, a fé é criada, e uma nova vida aparece. É indispensável ouvir a palavra continuamente mesmo para os próprios pregadores. Como Lutero disse: “Mesmo que os pregadores tenham o ofício, o título, e a honra de serem colaboradores de Deus, ninguém deve pensar que é tão sábio ou tão espiritual que pode desprezar ou perder o mais insignificante sermão. Isto é especialmente verdade porque ele não sabe qual a hora em que Deus fará sua obra nele através de outros pregadores.” Pregamos com excitação e expectativa, e ouvimos com excitação e expectativa, pois Cristo está presente em nosso meio.

A pregação contemporânea produzirá interesse e antecipação entre nós somente se for centralizada em Jesus Cristo. Ele tem sido o foco de toda genuína proclamação cristã desde os dias da primeira igreja até hoje. O kerygma (pregação) cristão antigo era uma proclamação dos atos de Deus em Jesus Cristo. Cristo era o conteúdo da proclamação. Pela obra do Deus triuno, Jesus Cristo pode ser nosso contemporâneo. Sua Palavra pode nos mover, e seu Espírito pode levar-nos a novo entendimento e ação. Nos simplesmente não sabemos onde e quando podemos ser tocados por seu poder ou levados por seu amor a novas áreas de iluminação ou envolvimento. Isto significa que o mundo inteiro se abre diante de nós. O chamado de Deus em Jesus Cristo pode levar-nos a qualquer lugar. Sua presença através da palavra pregada pode produzir nova vida. Falamos e ouvimos com expectativa à medida que Cristo é transmitido pela palavra pregada.

O discernimento de Lutero desafia-nos a cuidar intensamente da proclamação do evangelho. Levaremos nossa tarefa a sério se crermos que Deus fala através de nós. Verificaremos se o conteúdo de nossa pregação é biblicamente baseada no evangelho. Comunicaremos o mais vividamente possível, utilizando uma melhor percepção sobre linguagem e estilo. E centralizaremos nossa proclamação em Jesus Cristo, que vive entre nós e nos conclama a continuar vivendo vidas de fé.

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Este artigo, escrito por ocasião do qüingentésimo aniversário do nascimento de Lutero, mostra de forma clara e surpreendente a revelação da palavra de Deus que deu origem à Reforma Protestante. Mas se compararmos essa revelação com os conceitos e doutrinas das igrejas protestantes atuais, veremos uma distância abismal entre as duas posições. Na verdade, o que Lutero viu e realizou na sua Reforma em 1500 foi apenas o começo. Hoje precisamos de uma segunda Reforma para redescobrir a palavra que traz Cristo em verdade para nós.