terça-feira, 10 de novembro de 2009

Gol contra a guerra na Vila Kennedy

Criado na comunidade, atacante do Arsenal comemora pedindo paz
POR PAULA SARAPU, RIO DE JANEIRO

Rio - O grito de gol veio como pedido de paz. Criado na Vila Kennedy, na Zona Oeste, o jogador Eduardo da Silva, do time inglês Arsenal, festejou exibindo para o mundo uma camisa branca com a frase ‘Paz na Vila Kennedy-RJ’.


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Eduardo festejou goleada, mostrando camiseta com pedido de paz. Foto AFP.A goleada de 4 a 0 sobre o Wolverhampton aconteceu no último sábado. No campinho de futebol da comunidade, porém, o clima ainda é tenso por causa dos boatos de que o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP) teria pedido aos comparsas a ‘tomada’ da Vila Kennedy como presente de aniversário, em janeiro.

A guerra entre traficantes explodiu há dez dias, deixando cinco inocentes feridos. Depois de intensos tiroteios, até durante o dia, os invasores vindos da Vila Aliança, Rebu e Coreia abandonaram a favela. Moradores dizem que houve mortes, mas nenhum corpo foi encontrado. Eduardo, naturalizado croata, acompanhou o terror na Vila Kennedy pelo noticiário internacional e ficou muito preocupado com a família, que ainda mora lá. A PM ocupa a comunidade.

“Estava nervoso, indo para a concentração do jogo, e liguei do ônibus para minha mãe. Ela me tranquilizou, mas ver aquilo tudo sobre a comunidade onde cresci, do outro lado do mundo, é desesperador. Eu sei o que os moradores sentem porque também já passei por isso. Quem sofre é a população inocente. A gente perde pessoas com quem a gente conviveu e fica com medo do que pode acontecer. Se não fosse jogador de futebol, certamente estaria lá”, disse Eduardo, por telefone a O DIA.

A família do jogador vive na comunidade há 21 anos, desde quando ele tinha 6. Mãe do atacante do Arsenal, Joelma Alves da Silva evitou sair de casa, por causa dos confrontos. “Nunca aconteceu como desta vez. As coisas eram mais escondidas no passado. Fico com medo das balas perdidas. Rezei muito e agradeci por não ter recebido visitas nesse período da invasão. Dá vergonha viver assim”, desabafou Joelma, que não quis mudar para a Barra da Tijuca, como sugeriu o filho.

Repercussão entre companheiros de clube

Eduardo pretende doar a camisa usada no sábado para a comunidade, quando vier ao Brasil, em maio. Aos colegas de clube, ele explicou o motivo do pedido de paz. “Qualquer coisa sobre violência no Rio tem tido muita repercussão na Europa, desde a escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos. O problema é que todo mundo aqui acaba conhecendo o Rio só pelos seus problemas. Quando vão à cidade, me perguntam onde é perigoso, os caminhos que devem evitar e isso é triste”, disse ele.
fonte jornal o dia. Vamos orar por vila kennedy

Um comentário:

  1. Sou da vila kennedy tbm , conhecida como vk lá tava uma guerra por causa desses tcp fdp , mais agora ta trankuilo lá e muito bom de conviver

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